Maria Pires Keil do Amaral nasce a 9 de Agosto de 1914. Artista multifacetada e difícil de catalogar, pode dizer-se que é um dos nomes maiores do Design em Portugal, tendo-se dedicado a diversas formas artísticas, da Pintura às Artes Gráficas e Ilustração, passando pela Azulejaria e concepção de Mobiliário, com algumas experiências nas áreas da Tapeçaria, Cerâmica, Cenografia e Figurinos, e até, mais recentemente, Fotografia.
Algarvia, natural de Silves, vem para Lisboa, onde ingressa na Escola de Belas Artes, no curso de Pintura.
Em 1933, casa com o arquitecto Francisco Keil do Amaral, passando a viver "rordeada de arquitectos", como afirma. Dele virá a ter um filho, também Francisco, também arquitecto.
Não chega a concluir o plano de estudos, começando, em 1939, a trabalhar no Estúdio Técnico de Publicidade, sob a orientação de Fred Kradofler, suíço radicado em Portugal, formado na escola germânica da Bauhaus.
Fruto desta imersão total da sua vida num ambiente artístico intenso e modernizador, Maria Keil começa a desenvolver uma postura muito própria no que respeita à responsabilidade do artista no mundo, que passará pelo desejo de actuar mais directamente sobre a sociedade e de conseguir um contacto mais imediato com um público vasto.
Deste modo, a par da sua primeira actividade de pintora, realiza diversos trabalhos publicitários, entre os quais se destaca o anúncio para a cinta Pompadour, de 1941.
Também nesse ano obtém o Prémio Revelação – Souza-Cardoso, do SPN, com o seu Auto-Retrato.
Entre 1946 e 1956 participa nas Exposições Gerais de Artes Plásticas da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa, com diversos trabalhos de pintura. Mas é nas actividades de ilustradora e artista gráfica, e, mais tarde, na azulejaria, que a pintora se virá a destacar no panorama artístico português.
Como ilustradora, actividade que mantém durante longos anos, produz uma obra extensa e marcante, da qual se destacam os livros para crianças A Noite de Natal de Sophia de Mello Breyner, O Cantar da Tila, Cavaleiro Sem Espada, História de Um Rapaz, Joana Ana, O Palhaço Verde e Segredos e Brinquedos de Matilde Rosa Araújo, Histórias da Minha Rua e Histórias de Pretos e Brancos de Maria Cecília Correia, O Livro de Marianinha de Aquilino Ribeiro, O Lago dos Cisnes Azuis e A Banhoca da Baleia de Alexandre Honrado e Lote 12 2º Frente de Alice Vieira.
Ainda os livros infantis O Pau-de-fileira, Presentes, As Três Maçãs, Árvores de Domingo e Anjos foram não só ilustrados, mas também escritos pela própria Maria Keil.
Produz ilustrações e capas para obras de ficção e poesia, como a primeira obra de Irene Lisboa, ainda sob o pseudónimo de João Falco, Começa Uma Vida, Páscoa Feliz de José Rodrigues Miguéis, Ode (quase) Marítima de Augusto Abelaira, Folhas Caídas de Almeida Garrett e para edições de algumas colectâneas de poesia e contos tradicionais.
Colabora também como ilustradora para as revistas Ver e Crer, Eva, Seara Nova, Vértice e Panorama.
À Azulejaria, Maria Keil chega por via da arquitectura. Em 1940, o marido, Francisco Keil do Amaral, é convidado a projectar um edifício para a Exposição do Mundo Português e Maria Keil fica encarregue de conceber o mural alusivo aos monstros marinhos. Começa assim a sua relação mais próxima com a arquitectura e a concepção espacial da arte pictórica. Numa entrevista de 1985 ao Diário de Notícias, fala dessa novo campo e do comprometimento social que a essa segunda geração de artistas modernistas sentia. "Fazer quadrinhos (...) não ía alterar nada" afirma, "fazer coisas para a arquitectura" era estar "ao alcance de toda a gente".
Mais tarde projecta uma série de painéis de azulejos para edifícios públicos e realiza Mulher e Luta de Galos, dois painéis que expõe na Galeria Pórtico. Seguem-se a decoração do aeroporto de Luanda, delegação da TAP, em Paris, escritórios da ULP, em Setúbal e refeitório da colónia de férias de Palmela.
Mas os seus trabalhos de azulejaria mais marcantes e impactantes viriam um pouco mais tarde, com a realização do painel O Mar, para um bloco de edifícios na avenida Infante Santos, e a decoração de todas as estações do Metro de Lisboa, obra arquitectónica de Francisco Keil do Amaral.
Na verdade, a decoração das estações de Metro foi-lhe encomendada um pouco como uma "empreitada de revestimento" a realizar a baixíssimo custo, uma vez que o orçamento previsto não considerava esses acabamentos. Maria Keil recorreu ao máximo do seu engenho e capacidade para, com um mínimo de meios, oferecer à cidade de Lisboa um dos marcos iconográficos da sua modernidade. Recorreu ao revestimento em azulejo, de que tinha já alguma experiência e que se apresentava como um dos mais económicos. Numa parceria com a Fábrica Viúva Lamego, criou, a partir de 1957, os azulejos para as paredes das estações de Entrecampos, Campo Pequeno, Saldanha, Picoas, Rotunda, Parque, S. Sebastião, Palhavã, Sete-Rios e Restauradores. Seguiram-se Rossio, Socorro, Intendente, Anjos, Arroios, Alameda, Areeiro, Roma e Alvalade. Utilizou padrões geométricos, jogando com o movimento, tonalidade e ritmo, evitando criar grandes momentos de perturbação, tal como pedido pelo encomendador. O conjunto concebido para as diferentes estações apresentava uma grande unidade de concepção e simultaneamente uma harmoniosa riqueza de variações e singularidades. Infelizmente, como se sabe, a maior parte destas estações foi remodelada e redecorada, tendo as criações de Maria Keil sido substituídas por outras, encomendadas a outros artistas.
Também o mobiliário e a decoração de interiores ocuparam as preocupações artísticas de Maria Keil, que concebeu as peças para decorar o interior da Pousada de São Lourenço (mobiliário e candeeiros), na Serra da Estrela, assim como para o Restaurante Tito (mesas, cadeiras, candeeiros) e a Cervejaria Trindade (portas, armário, painéis decorativos em pedra, em Lisboa, entre outros. Fez ainda experiências em Tapeçaria executadas na Fábrica de Tapetes de Portalegre.
A arte de Maria Keil multiplicou-se ao longo de mais de sessenta anos por inúmeras formas e meios. Já nos anos 90, realizou uma exposição de Fotografia, tendo por motivo a roupa nos estendais em prédios do Bairro Alto. É lá que ainda mantém o seu atelier, embora hoje, aos noventa e três anos, lhe seja mais complicado trabalhar.
Mora desde 2003 na Residência Faria Mantero, uma enorme vivenda no Restelo, criada para acolher figuras da cultura portuguesa. São seis os seus residentes, entre eles, Maria Keil e o poeta Ramos Rosa.
Maria Keil gosta de desenhar no jardim e continua a ter um passe social para se deslocar e ver coisas novas.
Em 1989, o Museu Nacional do Azulejo organizou uma exposição monográfica do seu trabalho.
Já em 2005, a Biblioteca Nacional organizou a exposição Maria Keil Ilustradora dedicada à obra gráfica da artista.
Algarvia, natural de Silves, vem para Lisboa, onde ingressa na Escola de Belas Artes, no curso de Pintura.
Em 1933, casa com o arquitecto Francisco Keil do Amaral, passando a viver "rordeada de arquitectos", como afirma. Dele virá a ter um filho, também Francisco, também arquitecto.
Não chega a concluir o plano de estudos, começando, em 1939, a trabalhar no Estúdio Técnico de Publicidade, sob a orientação de Fred Kradofler, suíço radicado em Portugal, formado na escola germânica da Bauhaus.
Fruto desta imersão total da sua vida num ambiente artístico intenso e modernizador, Maria Keil começa a desenvolver uma postura muito própria no que respeita à responsabilidade do artista no mundo, que passará pelo desejo de actuar mais directamente sobre a sociedade e de conseguir um contacto mais imediato com um público vasto.
Deste modo, a par da sua primeira actividade de pintora, realiza diversos trabalhos publicitários, entre os quais se destaca o anúncio para a cinta Pompadour, de 1941.
Também nesse ano obtém o Prémio Revelação – Souza-Cardoso, do SPN, com o seu Auto-Retrato.
Entre 1946 e 1956 participa nas Exposições Gerais de Artes Plásticas da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa, com diversos trabalhos de pintura. Mas é nas actividades de ilustradora e artista gráfica, e, mais tarde, na azulejaria, que a pintora se virá a destacar no panorama artístico português.
Como ilustradora, actividade que mantém durante longos anos, produz uma obra extensa e marcante, da qual se destacam os livros para crianças A Noite de Natal de Sophia de Mello Breyner, O Cantar da Tila, Cavaleiro Sem Espada, História de Um Rapaz, Joana Ana, O Palhaço Verde e Segredos e Brinquedos de Matilde Rosa Araújo, Histórias da Minha Rua e Histórias de Pretos e Brancos de Maria Cecília Correia, O Livro de Marianinha de Aquilino Ribeiro, O Lago dos Cisnes Azuis e A Banhoca da Baleia de Alexandre Honrado e Lote 12 2º Frente de Alice Vieira.
Ainda os livros infantis O Pau-de-fileira, Presentes, As Três Maçãs, Árvores de Domingo e Anjos foram não só ilustrados, mas também escritos pela própria Maria Keil.
Produz ilustrações e capas para obras de ficção e poesia, como a primeira obra de Irene Lisboa, ainda sob o pseudónimo de João Falco, Começa Uma Vida, Páscoa Feliz de José Rodrigues Miguéis, Ode (quase) Marítima de Augusto Abelaira, Folhas Caídas de Almeida Garrett e para edições de algumas colectâneas de poesia e contos tradicionais.
Colabora também como ilustradora para as revistas Ver e Crer, Eva, Seara Nova, Vértice e Panorama.
À Azulejaria, Maria Keil chega por via da arquitectura. Em 1940, o marido, Francisco Keil do Amaral, é convidado a projectar um edifício para a Exposição do Mundo Português e Maria Keil fica encarregue de conceber o mural alusivo aos monstros marinhos. Começa assim a sua relação mais próxima com a arquitectura e a concepção espacial da arte pictórica. Numa entrevista de 1985 ao Diário de Notícias, fala dessa novo campo e do comprometimento social que a essa segunda geração de artistas modernistas sentia. "Fazer quadrinhos (...) não ía alterar nada" afirma, "fazer coisas para a arquitectura" era estar "ao alcance de toda a gente".
Mais tarde projecta uma série de painéis de azulejos para edifícios públicos e realiza Mulher e Luta de Galos, dois painéis que expõe na Galeria Pórtico. Seguem-se a decoração do aeroporto de Luanda, delegação da TAP, em Paris, escritórios da ULP, em Setúbal e refeitório da colónia de férias de Palmela.
Mas os seus trabalhos de azulejaria mais marcantes e impactantes viriam um pouco mais tarde, com a realização do painel O Mar, para um bloco de edifícios na avenida Infante Santos, e a decoração de todas as estações do Metro de Lisboa, obra arquitectónica de Francisco Keil do Amaral.
Na verdade, a decoração das estações de Metro foi-lhe encomendada um pouco como uma "empreitada de revestimento" a realizar a baixíssimo custo, uma vez que o orçamento previsto não considerava esses acabamentos. Maria Keil recorreu ao máximo do seu engenho e capacidade para, com um mínimo de meios, oferecer à cidade de Lisboa um dos marcos iconográficos da sua modernidade. Recorreu ao revestimento em azulejo, de que tinha já alguma experiência e que se apresentava como um dos mais económicos. Numa parceria com a Fábrica Viúva Lamego, criou, a partir de 1957, os azulejos para as paredes das estações de Entrecampos, Campo Pequeno, Saldanha, Picoas, Rotunda, Parque, S. Sebastião, Palhavã, Sete-Rios e Restauradores. Seguiram-se Rossio, Socorro, Intendente, Anjos, Arroios, Alameda, Areeiro, Roma e Alvalade. Utilizou padrões geométricos, jogando com o movimento, tonalidade e ritmo, evitando criar grandes momentos de perturbação, tal como pedido pelo encomendador. O conjunto concebido para as diferentes estações apresentava uma grande unidade de concepção e simultaneamente uma harmoniosa riqueza de variações e singularidades. Infelizmente, como se sabe, a maior parte destas estações foi remodelada e redecorada, tendo as criações de Maria Keil sido substituídas por outras, encomendadas a outros artistas.
Também o mobiliário e a decoração de interiores ocuparam as preocupações artísticas de Maria Keil, que concebeu as peças para decorar o interior da Pousada de São Lourenço (mobiliário e candeeiros), na Serra da Estrela, assim como para o Restaurante Tito (mesas, cadeiras, candeeiros) e a Cervejaria Trindade (portas, armário, painéis decorativos em pedra, em Lisboa, entre outros. Fez ainda experiências em Tapeçaria executadas na Fábrica de Tapetes de Portalegre.
A arte de Maria Keil multiplicou-se ao longo de mais de sessenta anos por inúmeras formas e meios. Já nos anos 90, realizou uma exposição de Fotografia, tendo por motivo a roupa nos estendais em prédios do Bairro Alto. É lá que ainda mantém o seu atelier, embora hoje, aos noventa e três anos, lhe seja mais complicado trabalhar.
Mora desde 2003 na Residência Faria Mantero, uma enorme vivenda no Restelo, criada para acolher figuras da cultura portuguesa. São seis os seus residentes, entre eles, Maria Keil e o poeta Ramos Rosa.
Maria Keil gosta de desenhar no jardim e continua a ter um passe social para se deslocar e ver coisas novas.
Em 1989, o Museu Nacional do Azulejo organizou uma exposição monográfica do seu trabalho.
Já em 2005, a Biblioteca Nacional organizou a exposição Maria Keil Ilustradora dedicada à obra gráfica da artista.