quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

MIRITA CASIMIRO


Maria Zulmira Casimiro de Almeida, também conhecida como MIRITA CASIMIRO, nasceu em Viseu a 10 de Outubro de 1914. Foi uma das mais populares actrizes portuguesas.

Oriunda de uma família abastada, ligada à tradição tauromáquica (o seu pai era o celebrado cavaleiro José Casimiro de Almeida), Mirita, nome por que era tratada na intimidade, cedo mostrou interesse pelas artes do espectáculo, participando em récitas amadoras de beneficência, onde cantava canções tradicionais da Beira Alta, carregando no sotaque serrano e envergando trajes regionais típicos.
É assim que se apresenta pela primeira vez em Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II.
Estamos em 1934, e Lino Ferreira, empresário teatral, lembra-se de chamá-la para tomar parte na remodelação da revista Viva A Folia!, cantando as suas "toadilhas beiroas". O sucesso não se faz esperar, seguindo-se Olaré, Quem brinca, primeira revista de que é vedeta absoluta, Milho Rei e Anima-te Zé!. A rábula em que faz o papel de travesti na comédia João Ninguém, de 1936, traz-lhe um êxito sem precedentes, sendo a peça reposta incessantemente até aos anos 50.

"Muito magra, muito pequena, com um nariz enorme, (...) o seu talento, feito de nervos, é electrizante mas descontrolado. Tocando todas as facetas, tanto declama um número patriótico como lança, numa voz vigorosa e cheia de gritos, canções popularíssimas (Ribatejo, Maria Severa, Lisboa não sejas francesa), e, embora a rábula plena de imaginação seja o seu verdadeiro campo, abalança-se perigosamente aos números de charme". Assim descreve Vítor Pavão dos Santos a Mirita desses primeiros tempos, no seu livro A Revista À Portuguesa .

Em 1937, Leitão de Barros oferece-lhe a sua imortalidade cinematográfica em Maria Papoila. Personagem escrita à sua medida, que toma emprestada muito da sua persona artística, o filme é um êxito tremendo, muito devido à interpretação de Mirita. Actriz e personagem confundem-se desde então e para sempre no imaginário popular. Maria Papoila é uma visão crítica dos costumes "dissolutos" da capital pelos olhos vivos, mas ingénuos, de uma pastora que vem tentar a sorte para a cidade. No cancioneiro popular português, faz-se espaço para a Canção da Papoila na voz da actriz.

A par das revistas, Mirita participa também em operetas populares, como Ribatejo ou Colete Encarnado, curiosamente com temáticas e ambientes próximos da "aristocracia marialva" de que a actriz é oriunda.

Em 1940, casa-se com Vasco Santana, o mais popular cómico da época, formando com ele uma dupla teatral, do género Bucha e Estica, que o público não se cansa de aplaudir. Mirita Casimiro e Vasco Santana são, assim, o casal real do teatro popular português.

Pavão dos Santos retrata-os. "Juntos conhecem êxitos invulgares, que culminam, em 1945, com a opereta A Invasão e a revista Alto lá com o charuto!, o maior sucesso da década de 40. Aí se desdobra o talento de Mirita, em travesti no luso-americano Franklim de Oliveira, que faz o elogio da América, ou no Condutor da Carris, cantando Ó Santo Amaro, que muito se divulgou, ou, ainda, cantando e declamando a libertação da França, ao som do Mon homme, silhueta apache, cingida num vestido de cetim negro, saia fendida deixando ver a perna magra, que calça meia de rede."

Em 1946, porém, o casal divorcia-se, com algum escândalo e rumores de infidelidades mútuas. Mirita vê-se proscrita dos teatros onde Santana reina. Vê-se afastada dos palcos durante um ano, regressando ao Maria Vitória pela mão de Rosa Mateus e da sua companhia Série B, com a qual faz quatro revistas. Na de maior sucesso, Tico-tico, de 1948, interpreta a Menina da APA, numa rábula notável e imensamente aplaudida, que parodia as concorrentes dos concursos radiofónicos, a loucura do momento.

Mirita casa novamente, com um atleta, de quem tem uma filha, Maria. O seu êxito, contudo diminui e, incentivada por amigos do meio e entusiasmada pela experiência de alguns colegas, decide partir para o Brasil. Aí reside durante quase dez anos, conseguindo manter a carreira, embora sem grande sucesso.

Divorcia-se e regressa a Portugal.
Em 1966, inaugura uma nova fase da sua carreira, juntando-se ao recém formado Teatro Experimental de Cascais, onde, sob a direcção de Carlos Avilez, conhece novos sucessos com papéis de relevo em espectáculos como A Casa de Bernarda Alba de Garcia Lorca, Mar de Miguel Torga, A Maluquinha de Arroios de André Brun ou Bodas de Sangue, também de Garcia Lorca. As suas interpretações são notadas e admiradas por uma nova geração de teatro novo, e uma nova fase se abre na sua vida.

Em 1968, participa no filme Um Campista Em Apuros de Herlander Peyroteo. É a sua segunda participação no cinema, num papel secundário, mas também aí se parecem abrir novas portas. No entanto, nesse ano, Mirita sofre um violento e grave acidente de viação, na cidade do Porto, que a deixa incapacitada de trabalhar.

Profundamente deprimida pela situação de inactividade a que é forçada, Mirita Casimiro suicida-se na sua casa de Cascais, a 25 de Março de 1970.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

BOLO REI


O Bolo Rei não podia faltar no blog. É um dos bolos tradicionais do Natal, a par das filhoses, bilharacos, rabanadas e sonhos.
Come-se entre o Natal e o Dia de Reis (6 de Janeiro).
Redondo, com um buraco no meio, este "bolo rico" caracteriza-se pelos frutos ecos e frutas cristalizadas que se misturam à massa, mas também, e sobretudo, por conter uma fava indesejável e um brinde cobiçado (que em tempos chegou a ser uma libra em ouro).

Ao que parece, ao contrário do que se crê, a tal de União Europeia permite ainda hoje a inclusão do tão famigerado brinde, ainda que dentro de apertados parâmetros, mas a verdade é que não será fácil encontrar hoje à venda um Bolo Rei completo...
A primeira pastelaria portuguesa a produzir o Bolo Rei terá sido a Confeitaria Nacional, há mais de dois séculos.